Marrapá… Começou mesmo esse negócio de campanha eleitoral né?
Pensei que ia demorá mais uns dias…Mas eu tava vendo aqui. Isso de politicagem é um balaio de gato infiliz, não é? Veja só comigo. Os cabra véi que até um dia desses tavam se matando por causa da história de uns bode. Sei mais nem o que era, de tanto bode e tanta confusão que teve. Até cunversa de cheque voador teve, já estão se agarrando, se juntando pra enganar a gente né?
Mas isso eu nem falo mais, porque já entendi que é a crise. Essa Dilma botou pra lascar todo mundo mesmo, até esse povo teve que se juntar pra ver se conseguia sobreviver. Aí eu até entendo, na necessidade é que a gente tem que se unir, estão certo.
A zuada na rua e aqui no mato começou segunda e eu tô sentindo falta é daquele povo de azul. Tavam numas andanças, feito andarilhos, e agora se aquietaram não foi!? Será que o menino ficou com medo do “Bicho Papão”? Agora que começou de verdade o tio e o avô sumiram. Deixaram o pobre do menino com aquele pastor, metido a galã de novela, que enfeita tanto o que fala pra gente e no final das contas a gente não sabe se ele tá tentando nos convencer de que ele é bom político ou se quer nos evangelizar. Sei não. Penso que iludiram esse menino aí. E ele acreditou mesmo que poderia ser prefeito né? Será que ele ainda acredita em Papai Noel?
Fico aqui pensando nessa rede véia, ouvindo o que esse povo diz aí no rádio, desses fuxicos de um lado e do outro. Desse povo que se mata por uma cor ou outra, igual aquele negócio de Boi lá na Amazônia, não tem? Que tem umas danças de boi que é pior que jogo do Corínthians e São Paulo, que o povo fica se matando por cor… Nunca vi isso botar arroz na minha mesa. Mas eu fico aqui pensando nessas coisa e lembrando que 4 anos atrás, aqui no sítio vinham aqueles “mói” de carro e moto azuis, com aqueles bonecões de Olinda, da cabeça gigante pedindo voto pra nós aqui no sítio, era tanta estripulia que a gente se assustava. Onde andam aquelas coisas?
Sei não, mas parece que tios e avós desse menino que tá querendo ser prefeito aqui, que chegou um dia desse de “Sum Paulo”, esqueceram de mandar a mesada e o lanche. O pobre está como andarilho, pedindo voto, mas ainda não tem os R$ 30,00 da moto. Aqueles 30 contos que o tio dava para cada moto, quando tinha passeata, carreata, sei lá que tanta ata era… Só sei que os cabras que tinham moto aqui, tudim ganhou esses 30 real do tio desse menino. Mas o menino parece que não tem. E agora José?
Abandonaram o coitado só com a cara e a coragem. Enquanto isso, o Papai chegou!!!
E chegou, chegando!!!! Chegou com artilharia pesada pra cima do menino. Com um tal de “carro multimídia”, equipe de áudio, vídeo, som, foto, e o diabo a quatro… Chegou intimidando o coitado, e agora que começou o furdunço, parece que ficou com medo do “bicho papão” e foi se esconder embaixo da saia da mamãe.
Mas, tu sabe outra coisa que fico aqui pensando nessa rede? De onde sai o dinheiro que esse povo tá gastando?
Some comigo: Se o salário do Prefeito é só R$ 17.000,00, aí tem um desconto de R$ 8.660,49 sobra só R$ 8.339,51 (ganhando menos que o Superintendente de Trânsito, por exemplo), como é que ele tem dinheiro para pagar esse monte de fogos? Porque esse negócio de pólvora é caro demais. Tiro pelo São João, que as crianças aqui ficavam pedindo pra comprar, mas o dinheiro não dava. Aí como é que ele faz essa festa todo dia?
Na casa dele o povo não come não!?
Mas o que eu to achando bonito mesmo é esse monte de criança, menino novo e menina nova, que não entendem nada de política, quanto mais de cuidar das coisas alheias, que muitas vezes, nunca sentiram na pele o que é passar necessidade, estarem todo nessa movimentação… Será que o papai promete bombom pra tudim no final dessas caminhadas pra esses meninos ficarem tudo esperto assim? Porque aqui… Essa pirraiada só faz alguma coisa sorrindo pra gente quando a gente promete alguma coisa. Sabe como é menino. Tudo interesseiro…
Mas eu fico aqui só observando. Ainda bem que parece que esse ano tem pouco tempo de zuada no meu pé do ouvido, porque ninguém guenta mestre… É muita zuada, festa, fogos, gritos, xingamentos… E a gente só quer sentar com calma, ouvir com paciência o que esse povo tem para melhorar nossa história sofrida de vida. De luta. Grito aqui pra gente é sinal de desespero. Sei lá… A gente não quer papel com foto e número. Se a gente gostar, a gente aprende, com certeza. A gente não quer zuada de carro e música de gritaria, a gente quer ouvir as propostas. A gente não precisa de fogos pra saber que estão chegando, pode bater palma e chamar na porteira. É tanta coisa fora do lugar e o povo querendo que a gente acredite que assim, vai consertar…
Mas eu fico só aqui, na minha rede véia, pensando…