A seca volta a castigar municípios de várias cidades do Nordeste. Só em Pernambuco, o governo federal já reconheceu mais de 45 cidades em estado de emergência. Os meteorologistas e representantes de órgãos ligados à agricultura já apontam 2012 como um ano atípico e que esta realidade não se via há mais 30 anos na região.
As boas notícias que pairavam no cenário econômico do Nordeste deram lugar às cenas de localidades rachadas pelo sol, animais mortos, plantações perdidas e de pessoas desoladas à espera de ajudas governamentais. Até quando vamos continuar presenciando esta situação? É difícil enxergar mudança neste cenário porque, infelizmente, ainda temos abutres se beneficiando do sofrimento do povo.
Contratos bilionários são firmados nesta época para que carros-pipas abasteçam as comunidades, poços artesianos sejam perfurados e cisternas sejam construídas. São meras ações paliativas que ficam no imaginário de quem está morrendo e ainda garantem o futuro ou o prolongamento do mandato dos vereadores, prefeitos e governadores da região. Em 1953, cansado de ver animais e pessoas morrendo por uma das maiores secas que castigaram esta região, o símbolo da música nordestina, Luiz Gonzaga, retratou em versos o pedido de socorro aos governantes da época. Na canção “Vozes da Seca”, Gonzaga dizia assim:
“Dê serviço a nosso povo; Encha os rios e barragens; Dê comida a preço bom; Não esqueça a açudagem; Livre assim nóis da esmola; Que no fim dessa estiagem; Lhe pagamo inté os juros; Sem gastar nossa coragem…”
11H