Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e de outros movimentos sociais ligados ao campo interditam estradas pernambucanas na manhã desta terça-feira (17), fazendo parte do Abril Vermelho, uma luta pela reforma agrária e pela punição dos responsáveis pela morte de 21 sem-terra pela polícia em Eldorado dos Carajás, no Pará, em 17 de abril de 1996. O MST estima que 2,5 mil trabalhadores rurais estavam na mobilização.
Por volta das 9h, há oito registros de interdição de rodovias. No entanto, o movimento calcula que 14 estradas tiveram o tráfego interrompido nos dois sentidos. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), O trecho da BR-232 que corta o município de Moreno, no Grande Recife, foi bloqueado por volta das 5h, sendo liberado duas horas depois, às 7h. Em Gravatá, no Agreste, foi liberada por volta das 9h30, nas imediações do Hotel Manibu, no km 76. A última na BR-232 estava no km 406, em Serra Talhada, no Sertão. O trânsito ficou parado na rodovia.
De acordo com a PRF, a BR-101 também teve protestos. No trecho que passa pelo município de Escada, na Zona da Mata, a manifestação foi dispersada por volta das 07h45. A BR-408 também ficou interditada. O MST queima pneus em São Lourenço da Mata, Região Metropolitana do Recife.
A PRF também acompanhou a mobilização no km 168 da BR-423, em Águas Belas, Agreste. Na BR-104, que liga Caruaru, ainda no Agreste, à Paraíba, também houve manifestantes bloqueando a passagem de veículos. Mas os protestos não ficaram só nas rodovias federais. A PE-60, no sentido Ipojuca, no Grande Recife, foi ocupada. Segundo o Batalhão de Policiamento Rodoviário (BPRv), já foi liberada, mas o trânsito continua intenso no local.
Uma lista das estradas interditadas foi divulgada pelo MST. No Sertão, a BR-428 em Lagoa Grande, a Ponte Petrolina-Juazeiro e a 232 em Serra Talhada, Ibimirim e Floresta; no Agreste, a 432 em Águas Belas, a 232 em Pesqueira e Gravatá, a 104 Norte em Caruaru e 104 Sul em Agrestina; na Zona da Mata, a PE-103 em Palmares; além da PE-60 no Cabo de Santo Agostinho/Ipojuca, da BR-101 Sul em Escada, da 232 em Moreno e da 408 em São Lourenço da Mata, no Grande Recife.
VIOLÊNCIA – A série de protestos desta manhã é contra a violência no campo. O MST ressalta a morte de dois sem-terra em menos de um mês em Pernambuco. O movimento ainda disse possuir uma lista de cerca de 15 nomes de dirigentes e lideranças ameaçadas de morte no Estado.
Em comunicado à imprensa, aponta:
“Os Sem Terra denunciam ainda o envolvimento de policiais como milícias armadas de fazendeiros e a conivência de membros do poder judiciário com a violência, e exigem ações imediatas do governo do Estado, tanto para apurar os crimes e punir os responsáveis, como para apurar as relações dos poderes públicos com fazendeiros criminosos. Eles exigem, principalmente, que todas as áreas de conflitos, em que proprietários estejam envolvidos em crimes e atos de violência, sejam desapropriadas por interesse social para fins de Reforma Agrária.”
11H