O jornalista Paulo Henrique Amorim, apresentador da TV Record, terá de indenizar o colega Heraldo Pereira, da Rede Globo, em R$ 30 mil por ofensas proferidas contra ele em seu blog. Amorim também será obrigado a pagar a publicação de uma nota de retratação em dois jornais – em São Paulo, onde mora, e em Brasília, onde vive Heraldo -, e a retirar do ar o texto no qual classificou Heraldo de “negro de alma branca”, entre outras ofensas. Segundo Heraldo, os R$ 30 mil serão doados ao Mosteiro de São Bento, em Brasília.
Amorim e Heraldo chegaram a um acordo numa audiência de conciliação em uma ação cível que tramitava no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) desde 2010. Paulo Henrique Amorim havia dito, em seu blog, que Heraldo estava a serviço do ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes. Ele também questionou a ética de Heraldo e disse que o jornalista apenas fazia “bico” na Rede Globo.
Pela decisão do TJDFT, Amorim terá de publicar um texto no qual afirma que “reconhece Heraldo Pereira como jornalista de mérito e ético, que Heraldo Pereira nunca foi empregado de Gilmar Mendes, que apesar de convidado pelo Supremo Tribunal Federal, Heraldo Pereira não aceitou participar do Conselho Estratégico da TV Justiça, que, como repórter, Heraldo Pereira não é e nunca foi submisso a quaisquer autoridades, que o jornalista Heraldo Pereira não faz bico na Globo, mas é empregado de destaque da Rede Globo, que a expressão ‘negro de alma branca’ foi dita num momento de infelicidade, do qual se retrata, e não quis ofender a moral do jornalista Heraldo Pereira ou atingir a conotação de ‘racismo’ “.
Mesmo após a conciliação no processo cível, Amorim ainda corre o risco de ser condenado criminalmente por racismo em ação movida contra ele pelo Núcleo de Enfrentamento à Discriminação. No ano passado, a defesa de Amorim tentou trancar a ação, pedindo a absolvição sumária dele, argumentando o direito à liberdade de expressão e negando que o autor tivesse adotado tom discriminatório. O juiz Márcio Evangelista Ferreira da Silva, porém, não concordou e mandou a ação prosseguir.
Para Heraldo, a decisão da Justiça significa um freio à irresponsabilidade praticada por alguns jornalistas. “É um dado importante para que a gente tenha um freio à irresponsabilidade que há em determinados setores”, disse ele. “Nunca esperava ser atacado desta maneira. É um absurdo fazer uma análise do meu trabalho a partir de questões raciais. Meu engajamento é com a notícia. Não sou um jornalista negro. Sou negro e jornalista.” (Do Jornal do Commercio)
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