Annan anunciou, contudo, o envio de especialistas para uma missão de observação com o objetivo de acabar com a violência que já matou mais de 9.000 pessoas em um ano de revolta, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH). Estes especialistas devem chegar no domingo em Damasco, de acordo com o embaixador sírio na ONU.
Em Damasco, 27 pessoas, em sua maioria civis, foram mortas e 140 ficaram feridas em duas explosões, anunciou a televisão estatal Al-Ikhbarya, citando o ministro da Saúde Waël Nader al-Halaqui.
Além disso, a emissora citou “três corpos mutilados”, sem precisar se estes estão incluídos no total de mortos.
O OSDH afirmou que as vítimas eram todas das força de segurança.
De acordo com a televisão oficial, os ataques tiveram como alvos prédios dos serviços de segurança: a sede da polícia criminal, no bairro Duar al-Khamarik, e um centro de informação da Força Aérea, no bairro de Al-Qasaa.
A mesma fonte precisou que, de acordo com as primeiras informações, dois carro-bomba foram usados no ataque.
Um militante do Comitê de Coordenação da Revolução em Damasco, Abou Mouhannad al-Mazzi, declarou à AFP que “a primeira explosão ocorreu às 7H30 (2H30 de Brasília). “Alguns minutos depois, a segunda explosão, de maior amplitude, aconteceu”.
Nas primeiras imagens do ataque em Douar al-Jamarik, transmitidas pela TV estatal, podia-se ver um corpo queimado dentro de um veículo ainda em chamas, apresentado como um dos “terroristas”. Poças de sangue se espalharam no chão, enquanto colunas de fumaça subiam pelo edíficio.
O canal mostrou em seguida um imóvel destruído e vários veículos derrubados pela explosão.
Vários analistas convidados pela emissora síria acusaram a Arábia Saudita e o Qatar – que se manifestaram a favor do armamento dos rebeldes sírios – de terem uma responsabilidade “política, jurídica e religiosa” nos ataques.
“A Árabia Saudita nos enviou terroristas!”, afirmaram testemunhas entrevistadas pela TV. “Meus parentes estão feridos, nossa casa foi destruída. Esta é a mensagem dos países árabes? (…) Mostre ao mundo o que está acontecendo”, falou um morador.
Vários atentados foram registrados na Síria desde o início, há 12 meses, da revolta popular contra o presidente Bashar al-Assad, que se recusa a reconhecer a magnitude do movimento e acusa “grupos terroristas armados” pela violência.
A oposição, no entanto, acusa o governo de estar por trás de vários atentados.
Em 6 de janeiro, uma bomba também atingiu o centro de Damasco, deixando dezenas de mortos e feridos, duas semanas depois de um ataque semelhante atribuído pelas autoridades à Al-Qaeda e à oposição do regime.
Na sexta-feira, em Genebra, o enviado da ONU e da Liga Árabe Kofi Annan caracterizou de “decepcionante” a resposta da Síria às suas propostas, convidando o Conselho de Segurança das Nações Unidas a se unirem para exercer pressão sobre Damasco.
Os membros do Conselho não conseguiram até agora chegar a um acordo sobre uma resolução sobre a Síria, devido à oposição de Moscou e Pequim, fiéis aliados de Damasco.
“Annan decidiu enviar uma missão para Damasco para discutir modalidades de um mecanismo de observação e outras etapas práticas (…) como propostas, incluindo o fim imediato da violência e da matança”, afirmou seu porta-voz Ahmed Fawzi. (Da AFP)