Ao acertar sua transferência para o Milan, Kaká encerra nesta segunda-feira um ciclo de quatro anos no Real Madrid, clube no qual nunca se aproximou do brilho que lhe valeu a Bola de Ouro em 2007, e em que deixa um custo de mais d e R$ 3 milhões por jogo disputado.
Depois de várias tentativas, não haverá mais chance de ressurreição de Kaká no Real. Esta foi a palavra que acompanhou quase todos seus bons jogos no clube. Sem a afirmação do brasileiro, no entanto, opções foram chegando para o meio-campo, como Mesut Özil, Luka Modric, e agora Isco. Não restaram opções que não partir. O desejo do meia de disputar a Copa do Mundo no Brasil, o fez decidir pela saída.
Demorou muito, inclusive, afinal, Kaká nunca foi feliz no Real Madrid, e agora retorna ao lugar onde foi mais bem-sucedido. Como o Milan inicialmente não pagará pela contratação de Kaká – haverá compensação em caso de títulos e futura transferência -, o time espanhol fica com déficit de 125 milhões de euros, somando o valor da contratação e os salários.
Vale lembrar que em 2009, o brasileiro chegou como um sonho de torcedores e do presidente Florentino Pérez. O gasto chegou a ser justificado pelo presidente do clube em uma assembleia geral, diante de sócios, devido ao baixo rendimento esportivo de Kaká.
— Kaká nos fez ganhar muito dinheiro. Veio como um investimento que ia gerar muitas receitas. É um ativo que já está amortizado. No ponto de vista econômico nos saiu muito bem.
Terceira contratação mais cara da história do Real Madrid – atrás de Gareth Bale e Cristiano Ronaldo -, Kaká não deixará grande marcas no campo esportivo. Em quatro temporadas, jogou 113 partidas.
Ao todo, Kaká anotou 28 gols, se notabilizando mais pelas lesões sofridas, principalmente, as que afetaram seu joelho esquerdo.
— Chorei muitas vezes, não entendi. Sempre busquei o parâmetro de atleta do passado, com boa alimentação, dormindo cedo. As coisas não funcionavam fisicamente, e isso me deixava muito mal. Era um robô. Cheguei a disputar partidas e depois treinar em casa sozinho.
Seu calvário no Real Madrid começou com problemas no púbis, na primeira temporada, que não o deixaram atuar com constância. Nesta época, houve a primeira crise com o clube, já que foi acusado de priorizar a Copa do Mundo de 2010.
Depois disso, seguiram as lesões, nos joelhos, musculares. O próprio Florentino Pérez o interpelou. Queria saber o que fazia Kaká não render no Real Madrid. De atleta dinâmico virara um jogador previsível, segundo o presidente. .
O polêmico José Mourinho, vendo a dificuldade do Real em negociar Kaká, apesar dos supostos interesses de Milan, Chelsea, Manchester City, assumiu publicamente o desafio de recuperar o brasileiro. Não teve êxito. No fim da passagem do português pelo clube, o clima entre os dois era o pior possível. Agora, com sua volta “para casa”, no Milan, onde Kaká foi campeão europeu, melhor jogador do mundo, “ressurreição” volta a ser a palavra.
O próprio jogador, o time italiano e a seleção brasileira esperam isso. No Real Madrid, por outro lado, sua ausência quase não será sentida. (Fonte: Agência Efe)