Um diretor de presídio e um ex-diretor foram presos nesta quarta-feira (21) na Paraíba acusados de facilitar a atuação de uma quadrilha de traficantes de drogas no estado e também em Pernambuco. O comando do grupo era feito por detentos do Presídio Regional Romero Nóbrega, em Patos, município do Sertão paraibano. De acordo com a polícia, Demetrius Dias e Estênio Dantas teriam conivência com “O Cordão”, como se auto-intitulava a quadrilha.
Foram cumpridos 23 mandados de prisão nas cidades de São Bento, Souza e Patos, no Sertão da Paraíba, e também em São José do Egito, em Pernambuco. Segundo a investigação, que durou cerca de oito meses, as drogas eram trazidas da Bolívia e do Paraguai e distribuídas em cidades do interior dos dois estados. De acordo com o titular da Delegacia Regional da Polícia Civil da Paraíba, Cristiano Jacques, ficou provado que além dos dois diretores, cinco agentes penitenciários favoreciam o esquema criminoso.
A polícia possui vídeos que mostram carros da penitenciária sendo utilizados para levar presos a festas onde eles comercializavam a droga e até mesmo para praticar crimes de extermínio. Há também indícios de que a diretoria facilitava a entrada de drogas e mulheres na penitenciária. A quadrilha era toda comandada por detentos do Presídio Regional de Patos. Na cela de um deles, foram recolhidos R$ 4.400 nesta quarta-feira.
Sobre as execuções, as investigações apontam que o grupo costumava matar quem tentasse denunciar o esquema. Uma das vítimas teria sido um detento preso na Operação Laços de Sangue. Marcelo Batista de Souza, detido no Rio Grande do Norte e para Patos, morreu em outubro de 2011 durante um incêndio na enfermaria do Presídio Regional.
No mesmo mês, o então diretor do presídio, Estênio Dantas, sofreu um atentado e teve o carro atingido por mais de dez tiros. Na época, a Polícia Civil afirmou que a tentativa de homicídio tinha relação com a Operação Laços de Sangue, porém há suspeitas de que o crime possa ter sido encomendado para despistar as investigações referentes ao envolvimento dele com “O Cordão”.
De acordo com o secretário de Segurança Penitenciária da Paraíba, Harrison Targino, o diretor e os cinco agentes já foram exonerados. “Estão sendo instaurados inquéritos administrativos paralelos para apurar a extensão da participação de cada um nesse esquema criminoso. O presídio de Patos já vinha passando por algumas mudanças de procedimento, em detrimento de algumas suspeitas de condutas não compatíveis. A laboriosa operação policial de hoje vem de encontro ao que já estávamos tentando fazer internamente, que é investigar e punir os maus para poder também exaltar os bons”, disse em entrevista ao NE10/ Paraíba. O tenente-coronel Arnaldo Sobrindo será nomeado para assumir a direção da unidade prisional.
Os presos estão sendo distribuídos entre presídios regionais da Paraíba, exceto os sete funcionários públicos que serão recambiados para o Presídio de segurança máxima PB1, em João Pessoa. A Operação Hidra foi batizada com esse nome em referência à lenda de uma serpente de várias cabeças, cuja picada seria extremamente venenosa. Segundo a lenda, quando uma cabeça dessa serpente é cortada, outras nascem no lugar.
Participaram da ação cerca de 250 policiais, entre agentes das Polícias Civil de Pernambuco e da Paraíba e militares dos dois estados. Representantes do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime (Caeco), do Ministério Público, também estiveram envolvidos.
11H