Nesta segunda-feira (01), em votação secreta, o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) foi eleito presidente do Senado Federal, derrotando a candidata independente Simone Tebet (MDB). Ele venceu o embate em primeiro turno, com um total de 57 votos – número bem acima do mínimo de 41, que equivale à metade mais um dos 81 senadores. Simone Tebet recebeu 21 votos.
O resultado da eleição representa uma vitória política importante para o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que se dedicou pessoalmente na campanha do parlamentar, em um momento de forte pressão sobre o governo.
O triunfo de Pacheco também serve para fortalecer o atual presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), seu principal cabo eleitoral, que deve continuar com influência na Casa.
O resultado desta eleição, além de favorever a tramitação de projetos de interesse do Poder Executivo, deve reforçar também a blindagem de Bolsonaro no Congresso, no momento em que já passam de 60 os pedidos de impeachment contra ele, a maioria relacionada a sua atuação na pandemia.
As eleições para as presidências da Câmara e do Senado são de grande importância também para o chefe do governo decidir sobre o partido ao qual se filiará para concorrer à reeleição em 2022. Ele anunciou que tomará essa decisão em março. Ademais, as novas composições das Mesas Diretoras das duas Casas do Congresso orientarão a reforma ministerial que Bolsonaro pretende realizar para acomodar os aliados.
Participaram da eleição no Senado 78 parlamentares. Jaques Wagner (PT-BA) e Jarbas Vasconcellos (MDB-PE) não compareceram por questões de saúde. Por sua vez, Chico Rodrigues não votou pois pediu licença do mandado, depois de ser flagrado pela Polícia Federal com dinheiro na cueca.
Com o resultado da eleição, Rodrigo Pacheco colheu os frutos de uma articulação que conseguiu atrair apoios não só de senadores governistas mas também de oposição, de partidos como PT, PDT e Rede. Ao longo da campanha, o parlamentar assegurou aos apoiadores que, apesar de contar com o aval do Planalto, ele estava comprometido com a independência do Senado.
Contou também a favor de Pacheco o fato de ele demonstrar um perfil considerado garantista, com atuação, inclusive, na diretoria da Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil em Minas Gerais (OAB-MG). Isso agradou os parlamentares que consideram abusivo o modo de atuação da Lava Jato e de outras operações anticorrupção.
Na semana passada, a vitória de Pacheco passou a ser dada como certa após a bancada do MDB desistir de concorrer à eleição com Simone Tebet (MS), em favor de um acordo feito com Alcolumbre. A campanha emedebista era a única que representava algum tipo de ameaça à do candidato do DEM. Tebet, depois da decisão dos colegas de partido, resolveu lançar uma candidatura independente, porém, sem a mesma força de antes.
Nesta segunda-feira (01), houve outras três desistências de candidatos, horas antes do início da eleição. Decidiram abandonar a disputa os senadores Jorge Kajuru (Cidadania-GO), Major Olímpio (PSL-SP) e Lasier Martins (Podemos-RS). Este último, ao discursar na tribuna, protestou contra a interferência do Planalto nas eleições internas do Congresso.
No discurso, ele falou da liberação, pelo governo, de um total de R$ 3 bilhões em verbas extras para deputados e senadores. Essa informação havia sido revelada pelo jornal O Estado de S. Paulo.
“É verdade que ninguém colocou dinheiro nos bolsos, mas é verdade também que esta verba derrubada nos últimos dias, R$ 3 bilhões, está fazendo falta para o Bolsa Família, auxílio emergencial, nesta época minguada de recursos do governo federal com o maior rombo da história do Brasil de R$ 743 bilhões de déficit primário”, afirmou Lasier. “Teve dinheiro para contemplar seletivamente vários senadores. Isso é compra de votos, descaradamente é compra de votos”, acrescentou o parlamentar. Informações do Diário de PE