“Acho que robôs, de tamanho maior, poderiam ter ajudado no resgate das vítimas nas enchentes de 2010”, acredita o estudante Everton Luís Ferreira de Lima, de 16 anos, participante da etapa pernambucana da Olimpíada Brasileira de Robótica, realizada na tarde de ontem no Recife. Sua opinião mostra que a atividade não é um mero exercício de ficção científica, pois pode ser aplicada nas realidades sociais mais urgentes.
Everton é aluno da Escola de Referência de Ensino Médio Doutor Anthenor Guimarães, que foi destruída pelas chuvas nas enchentes de 2010 no município de Barreiros. Único representante da zona da Mata nas Olimpíadas, o colégio ainda não foi totalmente reconstruído e os alunos constroem seus robôs na biblioteca enquanto aguardam um laboratório.
Ao todo, 65 escolas foram inscritas na etapa estadual da competição, com crianças e adolescentes com idades entre 8 e 19 anos. Os quatro robôs vencedores participam das finais nacionais em Fortaleza, em outubro, que garantem vaga na copa mundial, a RoboCup. As ganhadoras de ontem foram: Getepe, Colégio Santa Emília, Colégio Santa Maria e Escola Escritor José de Alencar.
“As escolas têm cada vez mais percebido que a robótica é uma boa forma de ensino para física e matemática”, observa o professor Eduardo Bento, da Universidade Federal de São João Del Rey (Minas Gerais), que veio ao Recife para ser juiz na competição. Segundo ele, o número de inscritos em 2013 é o dobro do ano passado.
Durante a tarde de sábado, os robôs projetados pelos alunos (com materiais como sucata e peças de Lego, ligados a computadores) participaram de três provas que simulam cenários de acidentes. Cada um precisa ser programado para, sozinho, percorrer uma pista, desviar de obstáculos (tijolos), subir uma rampa e capturar latas que representam as vítimas a serem resgatadas.
Uma das escolas de Pernambuco que tem alcançado melhores resultados é o Colégio Santa Emília, de Olinda. Seus alunos já foram campões nacionais da Olimpíada em várias categorias e chegaram a participar da RoboCup internacional. “Os meninos passam o fim de semana no colégio e chegam a virar a noite trabalhando. Esses resultados vêm da dedicação deles”, elogia o professor Paulo Marcelo.
Fonte: Diário de PE