A experiência de vida do coordenador da Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente, Hélio Veneroso Castro, foi lembrada nesta sexta-feira (24) na cerimônia de assinatura de convênio entre a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e a Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso do Distrito Federal (Funap), para reinserção de detentos no mercado de trabalho. Ele pediu, na ocasião, oportunidades para os que estão presos hoje, mas querem mudar de vida.
Em 1997, aos 36 anos, Castro foi condenado a mais de dez anos de prisão por tráfico de drogas. Disposto a mudar de vida, tão logo passou do regime fechado para o de liberdade condicional, em 2003, procurou o Departamento Penitenciário do Distrito Federal em busca de uma nova oportunidade. Em setembro daquele ano, ele foi encaminhado à Secretaria de Direitos Humanos e pôde voltar a estudar graças a um convênio da Funap com a Universidade Católica de Brasília. Formou-se em direito, ganhou a confiança de seus superiores e foi melhorando de posição na secretaria. Três anos depois, Castro foi efetivado como funcionário terceirizado.
Antes de assumir o atual cargo, que é de livre nomeação, Castro teve toda a sua vida investigada pela Casa Civil e, em outras condições, poderia ter sido impedido de ocupar o posto. No entanto, explica o secretário de Gestão da Política de Direitos Humanos, Gleisson Rubin, as regras burocráticas não se aplicam a quem tenha passado pelo programa de ressocialização. “Ao contrário de ser um elemento impeditivo, isso [passagem pela prisão] é colocado como um fator a ser observado com mais atenção, já que ele vem em uma trajetória.”
“Eu sempre trabalhei, mas houve um momento na vida em que me desviei. Na prisão, vi que aquilo não era vida para mim e que o ilícito que eu cometi não tinha valido a pena. A partir daí, minha trajetória foi de trabalho e estudos”, lembrou Castro.
Ele disse que muitas pessoas que hoje cumprem penas também estão dispostas a procurar um novo rumo para suas vidas, mas faltam oportunidades e ainda há muito preconceito na sociedade. Isso reduz as chances dos que estão presos, pois são pessoas que ficam rotuladas, acrescentou Castro. Com base em sua própria trajetória, ele fez um apelo aos que podem ajudar: “deem uma oportunidade a essas pessoas, abram-lhe as portas”. (Da Agência Brasil)
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