O empresário e proprietário de terras Roberto de Souza Leão, já falecido, seria próximo ao Coronel Figueiredo, que viria a ser presidente em 1979. De acordo com o Major ferreira, Figueiredo e Roberto de Souza Leão compartilhavam a paixão por cavalos e a antipatia aos comunistas. O empresário foi apontado pelo depoente como um dos que ajudavam a financiar movimentos como o Comando de Caça aos Comunistas (CCC), que perseguia e matava opositores ao Regime.
Ricardo de Souza Leão teria feito fortuna com a verba liberada pela Sudene para a construção de uma destilaria de álcool no interior da Bahia, mas que nunca saiu do papel.
Outro empresário teria sido Biu do Álcool, personagem que foi citado pela primeira vez nos depoimentos. O nome dele seria Severino e este seria morador de Vitória de Santo Antão, analfabeto e contrabandista de álcool bem sucedido, com amizade com o General Bandeira, o que lhe assegurava trânsito livre.
Ao citar os dois nomes, o Major se contradisse, já que inicialmente ele havia afirmado que desconhecia as empresas que financiavam os grupos de extermínio. “Os grupos de repressão eram financiados por empresas, mas desconheço quais. Tenentes e capitães, como eu, eram funcionários subalternos, não tínhamos muita informação”, disse.
O ex-deputado estadual Pedro Eurico, advogado e principal interlocutor do Major nesta sessão da Comissão da Verdade, quis dar destaque ao envolvimento de empresários no CCC. “Essa declaração foi importante porque nós tínhamos conhecimento, mas ninguém nunca tinha declarado expressamente essa relação”, afirma.
GAFE – O Major Ferreira, ao traçar o perfil de Ricardo de Souza Leão, afirmou que o empresário teria casado com “separação de corpos”, quando quis dizer “separação de bens”. (NE10)