O escritor, jornalista, desenhista, dramaturgo e tradutor Millôr Fernandes morreu na noite da terça-feira (27/3), aos 88 anos. Ele estava em sua casa, em Ipanema, no Rio de Janeiro, e, segundo a família, teve falência múltipla dos órgãos e parada cardíaca. O velório está marcado para esta quinta-feira (29/3), às 10h, no cemitério Memorial do Carmo, no Caju. O corpo será cremado.
No ano passado, Millôr chegou a ser internado duas vezes na Casa de Saúde São José, na zona sul do Rio. Os motivos da internação não foram divulgados.
Millôr era autodidata. Ensinou a si mesmo a ler, escrever e a falar um inglês impecável. Um de seus trabalhos mais célebres é a tradução de obras do dramaturgo inglês William Shakespeare, o que o tornou um dos principais adaptadores da obra do bardo no Brasil. Começou a carreira aos 14 anos, como jornalista, e aos 19 foi contratado pela revista O Cruzeiro , e logo passou a conciliar as tarefas de jornalista, tradutor e dramaturgo. Foi colaborador , também de revistas como IstoÉ e Veja .
Nos anos 1960, ao lado de amigos como Ziraldo e Jaguar, fundou o jornal O Pasquim , que se opunha e criticava a ditadura militar com textos carregados de sarcasmos, piadas e ironias. Nos anos seguintes, consolidou suas atividades autorais no teatro e publicou suas traduções de Shakespeare. Foi também o criador da Pif-Paf, revista de humor e oposição ao regime militar de curta duração: ”Se o governo continuar deixando que circule esta revista, com toda a sua irreverência e crítica, dentro em breve estaremos caindo numa democracia”, dizia o editorial de sua oitava e última edição.
Escreveu cerca de 30 linhas, em que aliou o texto refinado, o humor ferino e o desenho original. Entre suas obras se destacam Tempo e Contratempo , Fábulas Fabulosas, Diário da Nova República (três volumes) ; Millor Definitivo; The Cow Went do the Swamp ( A Vaca Foi Para o Brejo); e Crítica da Razão Impura.
Nos últimos anos, manteve um site onde publicava textos de humor e cartuns e reuniu seus trabalhos nos últimos 50 anos. O site, inaugurado em 2000, o colocou entre uma das primeiras personalidades brasileiras a figurar na internet. Hoje, seu perfil no Twitter é um dos mais populares no país. (Da Agência Estado)
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