A quantidade de pessoas mortas pela polícia aumentou 58% no estado de Pernambuco, entre os anos de 2019 e 2020. A variação é a segunda maior do Brasil, que, no mesmo período, teve 5.660 casos, queda de 3% nesse tipo de homicídio.
Apenas o estado do Mato Grosso fica à frente de Pernambuco no aumento do número de mortos pela polícia, registrando 83% de crescimento.
PE também registrou aumento expressivo no total de policiais assassinados na ativa: foram 40% a mais entre os dois períodos. Os dados sobre vitimização e letalidade policial, inéditos, são parte de um levantamento exclusivo realizado pelo G1 dentro do Monitor da Violência, uma parceria com o Núcleo de Estudos da Violência da USP e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Foram solicitados os casos de “confrontos com civis ou lesões não naturais com intencionalidade” envolvendo policiais na ativa. As solicitações foram realizadas para as secretarias da Segurança Pública dos 26 estados e do Distrito Federal através da Lei de Acesso à Informação e das assessorias de imprensa. Apenas Goiás se recusou, mais uma vez, a passar as informações.
Ainda segundo o G1, em Pernambuco, foram registrados 73 casos de pessoas mortas por policiais na ativa, em 2019. Durante todo o ano de 2020, em meio às restrições de circulação impostas pela pandemia de Covid-19, o total saltou para 115. Foram 42 pessoas a mais.
No Brasil, houve 5.660 pessoas mortas pela polícia em 2020, em relação a 5.829 em 2019, uma queda de 3%. A taxa de letalidade policial, em Pernambuco, é de 1,2 a cada 100 mil habitantes. O índice é menor que o registrado no Brasil, que é de 2,7 a cada 100 mil pessoas. Os cinco piores são os do Amapá (12,8), Sergipe (8,5), Bahia (7,6), Rio de Janeiro (7,1) e Pará (5,5).
A coordenadora-executiva do Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (Gajop), Edna Jatobá, disse que o número de pessoas mortas por policiais, atualmente, é bem menor que os 37 casos registrados em 2015.
“O ano em que houve um descontrole da violência letal aqui no estado foi 2017, quando mais de 5 mil pessoas morreram, das quais 124 foram mortas por policiais. Em 2019, foram 74. Em 2020, o ano da pandemia, distanciamento social, diminuição da circulação de pessoas, houve aumento de 60%. Isso vem na contramão do que o país vem apresentando de redução”, afirmou.
Ela relembrou, ainda, que a maioria das mortes violentas é composta por pessoas negras.
“Precisamos de uma polícia qualificada e preparada, que faça uso consciente, progressivo e seletivo da força. Precisamos de controle social pelas polícias, vindos de órgãos do Poder Executivo, do Judiciário e vindos, também, do Ministério Público, que tem a atribuição de realizar o controle externo da atividade policial. Precisamos de uma polícia que assegure o bem mais precioso da sociedade, que é a vida de todas as pessoas”, declarou.
Através de nota, a Secretaria de Defesa Social (SDS) informou que o trabalho das forças de segurança é realizado “com qualificação técnica e excelência dos procedimentos” e “com uso de inteligência policial para redução das chances de confronto armado e a adoção de práticas voltadas aos direitos humanos e à proteção de todas as vidas”.