Um flagrante registrado pelo Diario durante os protestos desse sábado (7), no Recife, está repercutindo nas redes sociais. O vídeo, com mais de 12 mil acessos em poucas horas, destaca o momento em que um policial se dirige com palavrões a uma jovem que estava sendo detida. Ele ordenou que ela fosse colocada na parte de trás da viatura usando a seguinte frase: “Ela quer os 15 minutos dela de fama, joga no xadrez”. Outro policial que participava da ação a chamou de vadia.
Diante da ação policial questionável, muitos manifestantes se queixaram da forma como a polícia reprimiu o ato, da falta de identificação no fardamento da maioria dos policiais e da proibição do uso de máscaras. “A gente tem que se mostrar e não pode nem saber o nome deles?”, argumentou o estudante Jonathan Rodrigues.
Dez adultos foram detidos e dois adolescentes apreendidos foram apreendidos ontem à tarde, durante confronto com a polícia que usou spray de pimenta, balas de borracha, gás lacrimogêneo e cacetete para reprimir os manifestantes. O uso de máscaras também foi coibido. Logo no início, quando o grupo saía da Praça do Derby rumo à Avenida Conde da Boa Vista, um rapaz que tentava participar do ato mascarado acabou detido. Ele resistiu à prisão e foi duramente imobilizado no chão. A polícia impediu que o protesto seguisse pela Conde da Boa Vista.
O uso de balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo no cruzamento da avenida com a Agamenon Magalhães dispersou os presentes. Pouco depois, eles se reagruparam e, cercados, seguiram para a Delegacia de Santo Amaro, para onde os detidos foram levados. Cerca de 50 pessoas participavam do protesto de forma pacífica. Havia 100 policiais de cinco grupamentos.
O grupo que permaneceu na Agamenon Magalhães após a confusão inicial foi cercado pela polícia, que o acompanhou durante todo o percurso. Agentes do Choque voltaram a impedir a passagem dos manifestantes, desta vez na Rua João Fernandes Vieira. Ao chegar ao local, o grupo se viu encurralado. Havia bloqueio policial à frente e atrás daqueles que participavam do protesto. Após negociação, o Choque permitiu a passagem. Mais adiante, a polícia bloqueou a Rua do Riachuelo, próximo à Câmara de Vereadores.
Os jovens lembraram aos PMs que o procurador-geral de Justiça, Aguinaldo Fenelon, afirmou que o simples uso de máscaras em protestos pacíficos não constitui crime. Mas os policiais deixaram claro que receberam a orientação de impedir que os manifestantes cobrissem o rosto. Houve dois episódios isolados de vandalismo. Um manifestante jogou pedra na vidraça de uma loja e uma agência do Banco do Brasil teve a porta quebrada. (Do Diário de PE)